“Em primeiro lugar, não toque nos seus ponteiros. Em segundo lugar, controle a sua raiva. Em terceiro, nunca, mas nunquinha mesmo, se apaixone. Pois, neste caso, o grande ponteiro das horas transpassará para sempre sua pele no relógio de seu coração, seu ossos implodirão, e a mecânica do coração voltará a emperrar.”
“Amor é uma piada que não tem graça”. Eu inicio essa resenha com essa frase dita por um certo personagem da animação “Os oblongs”. Afinal de contas, o maior assunto abordado nesse livro é justamente sobre o primeiro amor. Trata-se das aventuras e desventuras que uma pessoa pode vivenciar para tentar preservar esse tipo de amor. Em algumas ocasiões, essa jornada pode não ser bem sucedida.
A mecânica do coração, escrito por Mathias Malzieu, conta a história de Jack. Ele é um garoto que nasceu no considerado “dia mais frio do mundo” em Edimburgo no século 19. Seu coração já congelado foi substituído por um relógio de cuco, que faz um barulhento tic-tac. Desde esse acontecimento, Madeleine acolhe Jack. Ela é uma mulher misteriosa e melancólica com fama de bruxa. Ela o trata como se fosse o seu próprio filho. Nem mesmo a sua mãe biológica assume a tutela dele.
Durante uma caminhada em Edimburgo com sua mãe adotiva, o pequeno Jack conhece Miss Acácia. Ela é uma pequena cantora. Sua beleza espantosa arrebata por completo o coração do garoto. Completamente apaixonado, o jovem decide ir contra tudo e contra todos. Ele ignora todas as instruções de Madeleine. Seu objetivo é conquistar o grande amor da sua vida, como um autêntico Dom Quixote em busca da sua Dulcineia.
A narrativa desse livro é de uma poesia sem igual. Isso não surpreende, pelo simples fato do próprio Mathias Malzieu ser também um músico vocalista de uma banda chamada Dyonisos.
O final é bastante surpreendente e realista. A mecânica do coração pode surpreender grande parte dos leitores que esperam uma autêntica história de amor romântica.
