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Dalila

Esse conto é baseado na canção de Tom Jones: https://www.youtube.com/watch?v=MIIU9xkGAMs

Guto 

Mais um dia de trabalho se passou. E ainda por cima o mais estressante de todos. Hoje foi um dia bastante agitado. Muitas pessoas vieram para curtir a vida mais cedo que o normal. Tomando muito sorvete e bebendo coisas igualmente geladas. No entanto, tudo aquilo foi animador para a minha pessoa. As tarefas que eu recebi foram o suficiente para ocupar a minha mente e evitar de eu pensar bastante em Dalila, o grande amor da minha vida. 

Nesse momento, a sorveteria estava extremamente vazia. Estava apenas eu para tomar conta daquele recinto. A essa altura, Dalila estava se exercitando na academia sem sombra de dúvidas. Eu também passei a praticar exercícios na esperança de me tornar uma pessoa incrível para ela. Durante os meses que eu passei ao lado daquela garota, eu ganhei uma massa muscular considerável e uma força quase que sobre-humana.  Ela sim era uma garota com a qual valia a pena ficar. Ela possui uma beleza exuberante para uma garota de 18 anos. Tinha uma pele branca e um corpo violão perfeito, o suficiente para deixar qualquer homem como eu ter sonhos molhados pelo resto da vida. E seus cabelos loiros é a cereja no bolo que faltava para a sua beleza ficar completa. Ah, sim. Eu estava me tornando um homem de verdade graças a Dalila. 

Com um picador de gelos em mãos. Eu estava apreciando o pôr do sol em sua beleza mais sublime enquanto esperava o fim do expediente. De repente, uma coisa me chamou muito a atenção enquanto avistava o lado de fora. 

Através da porta de vidro, pude ver Dalila, a minha namorada, se engraçando com o seu personal trainer na Praça da Liberdade. No entanto, a coisa que mais me impactou foi quando os dois se beijaram. E não era um beijo qualquer. Era um beijo intenso. De entrega total, daqueles tirados de um filme de romance quente. 

Eu não me senti bem em ver aquela cena. Dalila, o grande amor da minha vida, aquela com qual jurei amor eterno e fidelidade até o fim de nossas vidas, estava traindo a minha confiança. Lágrimas em demasia desciam em meu rosto. Algo bastante venenoso invadia o meu interior. Por mais que eu quisesse me controlar naquele momento, a sensação de traição que eu sentia naquele momento era demasiado intensa. Talvez intensa demais para o meu próprio bem. 

Sem mais hesitar, saí da sorveteria e fui para a Praça da Liberdade caminhando com rapidez e brutalidade em meus passos. 

Não demorou muito para que eu chegasse até Dalila e o filho da puta que se metia a engraçadinho com ela. E lá estava eu, frente a frente com os dois. Nenhum deles se afastou de minha presença. Dalila fazia pior. Estava parada no mesmo lugar com aquela pose de orgulhosa e com um ar de arrogância que me provocava a cada minuto que passava. 

– Quer que eu faça alguma coisa, Dalila? – perguntou o personal trainer. 

– Não precisa, Ivan. – respondeu ela. – Ele é problema meu. 

Era inacreditável como ela estava se portando em uma situação daquelas. 

– Dália, o que você fez? – questionei ainda mais embasbacado. 

– Nada demais. Só estou passeando. 

– Chega de mentiras… – comecei a chorar. – Eu vi vocês dois se beijando da sorveteria. 

– Ah. Isso… 

Fiquei chocado com aquela resposta. 

– Você não vai falar mais nada? 

– Falar o que? Você nos flagrou no ato. O que eu posso fazer? 

Minha boca ficou cega com aquela frieza. 

– Pelo amor de Deus, Dalila! Você está ferindo os meus sentimentos! Você se lembra do juramento que fizemos de nós amarmos para sempre?! 

– Para o seu governo, foi apenas você que jurou tudo isso. Eu não disse absolutamente nada. Então, eu estou livre desse juramento tosco. 

– Tosco?! Você acha mesmo que o meu amor por você é algo tosco? Eu passei a frequentar a academia por causa de você, sua vagabunda! Eu queria mais do que nunca ser uma pessoa incrível para você. 

– Incrível para mim? Você?! – questionou Dalila, seguido de uma risada malévola e debochada. – Você achou mesmo que você conseguiria me agradar mesmo sendo um fracassado? Por favor! Eu só dei uma chance para você porque não tinha mais ninguém me desejando. 

Aquela resposta me deixou completamente paralisado de tanta dor. Quer dizer então que eu estava sendo usado esse tempo todo? 

-Mas a minha sorte mudou quando Ivan apareceu. – respondeu Dalila. – Esse sim é o homem que sempre desejei e que nem mesmo você seria capaz de se tornar. Bonito até a alma, bem-sucedido e bem ativo. 

Vi a garota que eu mais amava abraçando e beijando mais uma vez o Ivan e estava paralisado demais para fazer alguma reação. Além disso, pude perceber uma multidão se formando diante de nós três, mas já não importava mais em pagar mais qualquer mico na minha vida. 

-Ué, não vai dizer mais nada, Guto? – questionou Dalila. – Que coisa mais patética. Nem mesmo para ser homem de verdade você é capaz de fazer. E pensar que eu desperdicei muito tempo estando ao seu lado. Ivan, por que você não joga ele fora perto de um lixo mais próximo? 

– Farei isso com muita satisfação. – respondeu o personal trainer. 

Então era isso. Eu não passava de lixo na visão daquela vadia. Depois de ouvir tudo aquilo, todo o amor que eu sentia por ela se converteu no ódio mais puro e mais bestial. Antes mesmo daquele maldito personal ter a mínima chance de me segurar, eu fui o mais ágil. Usei toda a minha força e o ódio que eu tinha para empurrar o personal trainer para longe. Em poucos instantes fui em direção a Dalila e finquei o picador de gelos na em sua cabeça com força o suficiente para conseguir cravá-lo bem no centro de seu cérebro. 

Quando dei por mim, eu logo percebi a gravidade de toda a situação. Eu podia ver o quão profundo eu finquei na cabeça de Dalila antes dela cair no chão. E antes mesmo da multidão inteira partir para cima de mim em um ataque de fúria e me espancar violentamente por causa do que fiz a garota que eu mais amei. 

Quando a polícia enfim chegou, eu já estava afogado na poça do meu próprio sangue. A última coisa que eu consegui ver foi o corpo de Dalila já sem vida caído bem próximo de mim. 

As minhas paixões me levaram a ruína. Não consegui controlar o meu coração e terminei caído no chão sentindo o meu sopro de vida se esvaindo pouco a pouco. 

Dalila, me perdoe. Me perdoe por não aguentar mais. 

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